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Journaling para que te quero!

Journaling para que te quero!

 

Muitos de nós fazem running, outros cycling e outros os há que fazem journaling! As primeiras categorias podemos encaixar no exercício físico, já o journaling está associado a outro tipo de  exercício, não menos importante, o mental.

O que significa Journaling? Escrever sobre as nossas emoções e/ou pensamentos, ou mesmo descrever acontecimentos, de forma a vê-los com outra clareza ou mesmo “arrumar” ideias.

Historicamente este conceito de registo passou por várias facetas. Desde os diários mantidos por exploradores, relatando as suas viagens e descobertas, incluindo registos gráficos, como Charles Darwin. Ou, como parte importante do processo criativo de muitos artistas, muito deles publicados e amplamente lidos. No início do século XX, assistimos à proliferação dos diários de guerra. Nasce um dos livros mais lidos de sempre –  “O Diário de Anne Frank”. Claramente, neste ambiente de guerra, o journaling funcionou como um modo de autoajuda e uma forma de combater a ansiedade dentro de um período tenebroso e pungente da Humanidade.

E nos dias de hoje? Porquê fazer journaling?

 

Apesar de vivermos numa era digital, nunca fez tanto sentido como agora escrever os nossos pensamentos e emoções.  Temos uma ânsia de revelar ao mundo o que sentimos, o que no move, quem somos e o que fazemos. Mas será que temos um lado secreto e misterioso que queremos manter pessoal? Algo que as redes sociais ou os algoritmos nunca terão acesso? Eu acredito que sim.

                       [O ato de manter um diário envolverá sempre privacidade e honestidade.]

Uma das experiências mais bonitas que temos tido enquanto encadernadoras é o amor transmitido pelo nosso público pela escrita, pelo livro ou caderno enquanto objecto, pela leitura. Existe um sentimento difícil de explicar que denominamos de conforto, de quente, algo que nos fortalece e revigora, quando pegamos num livro para ler ou num caderno para escrever. E é neste último ponto, na escrita, que entra a privacidade e a honestidade.

Por vezes, a escrita entra na nossa vida nas alturas mais difíceis. Pessoalmente, lembro-me que entrou na minha aquando de uma situação profissional mais instável. Peguei num caderno e comecei simplesmente a escrever. Não precisava de ser perfeito, e não era, mas quando acabava e lia, via claramente que a minha vida tinha de mudar. A honestidade que vi nas páginas não era como os pensamentos que estão na nossa cabeça que conseguimos simplesmente controlar ou abafar. Cada palavra estava ali disposta numa folha em branco, como dizem “preto no branco”.

Na realidade, a escrita promove este encontro com nós próprios. Ao contrário de um amigo que muitas vezes diz o que queremos ouvir, a tua escrita e o teu caderno dirá sempre a verdade. Digamos que já sabem o que o futuro me trouxe e hoje sinto-me feliz e plena! Se a escrita me ajudou a alcançar esta felicidade? Eu acho que sim, foi através dela que comecei a pensar de uma forma diferente sobre a minha vida, a não me conformar e sentir que era capaz de construir o meu próprio destino.

Estás pronto para começar agora? Fica umas dicas para quem começar a fazer journaling:

– Escreve o que te apetece e o que sentes. Não te sintas “preso” a uma dialéctica perfeita e lógica. Recorda-te que estás a falar contigo próprio e em privacidade. Poderá não ser muito fluído no início mas a partir do momento em começas a ganhar balanço vais ver que o texto irá discorrer muito naturalmente.

– Não te limites à escrita. Desenha, faz doodles, esquemas e gatafunhos. Brinca com diferentes materiais, lápis, canetas, aguarela, lápis de cera, o que quiseres!

– Não te obrigues a escrever ou manter um horário rígido. Este tipo de rotina forçada só te vai desmotivar e ver o journaling como uma obrigação. Volta ao teu caderno sempre que sentires necessidade disso.

– Texto curtos também são bem vindos.

– Escreve o que te faz feliz. Não te prendas a pensamentos negativos. Descreve um dia perfeito, aquele acontecimento positivo que marcou a tua vida, aquela receita da tua mãe que acabaste de fazer e qual foi o resultado, entre outras boas experiências.

– E mais importante, mantém- te fiel, honesto mas também crítico contigo próprio.

Por_Casa D'Amendoeira